O supino declinado é mais um dos exercícios que gera várias especulações na sala de musculação, uns dizem que “sentem” “pegar” mais a parte inferior do peitoral, outros dizem achar que é isso ou aquilo, mas quase sempre sem nenhum embasamento científico plausível. Para auxiliar no entendimento e discussão sobre o assunto, utilizarei dois estudos interessantes, um de 1995 (BARNETT; KIPPERS e TURNER – imagem) e outro de 2014 (SILVA e colaboradores).
No estudo conduzido por Barnett; Kippers e Turner (1995) foram comparados os exercícios supino declinado, supino reto(horizontal), supino inclinado e supino vertical em relação ao nível de força e atividade eletromiográfica nos músculos peitoral maior (porções esternal e clavicular), deltoide anterior, tríceps braquial (cabeça longa) e grande dorsal (latíssimo de dorso). Em relação ao nível de força, não houve diferença significativa entre executar o supino declinado ou reto, isso tanto para a pegada aberta (barra preta) quanto fechada (barra cinza). Quanto à atividade eletromiográfica, foi verificada maior atividade no músculo peitoral maior porção esternal para o supino reto (em ambas as pegadas), o supino reto também foi superior ao supino declinado para a ativação do peitoral maior porção clavicular.
Em relação aos músculos sinergistas (deltoide e tríceps braquial), não houve diferença estatística entre os supinos reto e declinado. Já para o músculo antagonista grande dorsal (latíssimo de dorso) o supino declinado foi o que promoveu maior atividade eletromiográfica, principalmente para o tipo de pegada aberta. Corroborando aos achados de Barnett e colegas (1995), Silva e colaboradores (2014) não verificaram diferença estatística na ativação muscular do peitoral maior (porção esternal e clavicular), tampouco no deltoide anterior nos exercícios supino reto, supino declinado e supino inclinado. Desta forma, a inclusão do exercício supino declinado (canadense, como também é conhecido) na rotina de treinamento pode ser dispensável, salvo alguma necessidade/especificidade ou individualidade.
Fecha a cara, treina e também estuda, bons treinos.
Referências:
Barnett C; Kippers V; Turner P. Effects of variations of the bench press exercise on the EMG activity of five shoulder muscles. J Strength Cond and Res. 1995; 9(4):222-27.
da Silva GP; et al. Estudo eletromiográfico do exercício supino executado em diferentes ângulos. Rev Andal Med Deporte. 2014; 7(2):78-82.