quinta-feira, 2 de junho de 2016

BCAA: Presta ou Não Presta?


Os aminoácidos de cadeia ramificada (BCAA: Branched-Chain Amino Acids) são constituídos por LEUCINA, ISOLEUCINA e VALINA. São aminoácidos importantes para a manutenção da proteína corporal, além de fornecerem nitrogênio para a síntese de alanina e glutamina, importantes aminoácidos para a gliconeogênese (formação de substrato energético > glicogênio) e sistema imunológico, respectivamente.
Além de ser encontrado em forma de “suplemento” os BCAAs estão nos alimentos proteicos, por exemplo, 100 g de peito de frango contém cerca de 470 mg de valina, 375 mg de isoleucina e 656 mg de leucina (ROGERO, 2014). Ou seja, é possível contemplar via alimento o que se consegue via suplemento, no entanto, por questão de praticidade a opção suplemento é mais viável para o dia a dia.
O uso do BCAA tem sido questionado nos últimos anos em relação à melhora da performance aeróbia, ao suposto efeito anticatabólico, à redução de fadiga central e periférica, à melhora do sistema imune ou mesmo na participação para a hipertrofia muscular. Embora, algumas pessoas tenham se posicionado de forma sensacionalista e extrema, dizendo que quem usa o BCAA está jogando o dinheiro fora, os estudos demonstram que a suplementação de BCAA pode ser útil em alguns aspectos.
De acordo com as premissas citadas na imagem, o BCAA possui importante papel na sinalização da via que levará à síntese proteica e consequente reparo muscular/hipertrofia (BLOMSTRAND, 2006; ROGERO, 2014), particularmente pela ação da leucina, muito embora esse aminoácido isoladamente não favoreça efeito adicional ao aumento de massa muscular. Em relação à dor muscular de início tardio (DMIT), os estudos de Shimomura et al. (2010) e Howatson et al. (2012) verificaram menor desconforto em relação à DMIT, menor concentração do marcador de lesão muscular (creatina quinase) e preservação da força muscular nos dias subsequentes aos danos musculares ocasionados pelo exercício físico.
Sobre os mecanismos de fadiga central, Davis et al. (2000) relatam que durante os exercícios de longa duração há aumento do precursor de serotonina, um neurotransmissor que atua reduzindo a atividade mental e aumentando a sensação de fadiga. Segundo os estudos, o uso de BCAA poderia interferir na produção de serotonina e aumentar a disposição para o exercício. No entanto, os resultados até o momento são desfavoráveis ao uso de BCAA como recurso ergogênico para aumentar a performance em atividades de longa duração, sendo mais eficaz o uso de carboidrato. Por fim, o uso de BCAA também tem sido citado como importante adjuvante na manutenção do sistema imune, sobre isso, Cruzat et al. (2014) e Rogero (2014) relatam que o BCAA favorece a manutenção da glutamina plasmática e esta por sua vez atuaria na manutenção do funcionamento do sistema imune, evitando por exemplo, infecção do trato respiratório superior (ITRS).
Como vemos, o uso do BCAA pode contribuir para alguns fatores importantes durante e/ou após a prática do exercício físico. No entanto, se o sujeito já possui um consumo adequado de proteína ao longo do dia, a suplementação com BCAA pode ser desnecessária. Ainda, é comum encontramos no dia a dia pessoas consumindo concomitantemente BCAA e Whey Protein, esta prática não encontra sustentação teórica que justifique, mas isso será assunto para o post sobre Whey Protein. Até lá.
Referências:
Davis JM; Alderson NL; Welsh RS. Serotonin and central nervous system fatigue: nutritional considerations. Am J Clin Nutr 2000; 72(suppl):573S–8S.
Blomstrand et al. Branched-chain amino acids activate key enzymes in protein synthesis after physical exercise. J. Nutr. 2006; 136: 269S-273S.
Shimomura et al. Branched-chain amino acid supplementation before squat exercise and delayed-onset muscle soreness. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism. 2010; 20, 236-244.
Howatson et al. Exercise-induced muscle damage is reduced in resistance-trained males by branched chain amino acids: a randomized, double-blind, placebo controlled study Journal of the International Society of Sports Nutrition. 2012; 9:20.
Cruzat et al. Amino acid supplementation and impact on immune function in the context of exercise Journal of the International Society of Sports Nutrition. 2014; 11:61.
Rogero MM. Aminoácidos de cadeia ramificada in: Tratado de nutrição esportiva funcional. Editora Roca, 2014; 692-723.

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